25 julho 2012

São José dos Campos 
GM fecha fábrica e demite 2 mil trabalhadores
Sindicato da categoria, dirigido pelo PSTU, não fez nada para defender os trabalhadores e impedir a demissão em massa 

25 de julho de 2012
Na última semana, a GM anunciou o fechamento da fábrica em São José dos Campos e a demissão em massa de mais de dois mil trabalhadores. A GM afirma que não pretende mais “investir” na unidade de São José dos Campos.
Depois de abrir o segundo programa de demissão voluntária (PDV), a empresa fechou a fábrica na última terça-feira, dia 24. As oito fábricas que compõem o complexo industrial da cidade fecharam as portas e o ato contra as demissões marcado em frente à fábrica foi cancelado pelo sindicato, dirigido pelo PSTU.
O sindicato tenta negociar a permanência de uma das fábricas do complexo, com 1,5 mil trabalhadores. O complexo de São José dos Campos possui um total de 7,5 mil funcionários.
A GM já anunciou que a licença remunerada vale para esta terça-feira. A empresa trancou os portões e colocou seguranças na porta da empresa desde as 3h da madrugada quando os trabalhadores receberam a informação da dispensa remunerada.
O representante da empresa declarou: “A empresa considerou as fortes evidências - nas últimas horas e dias - de mobilizações internas no Complexo e entende que o momento atual é delicado e prefere não expor seus empregados a eventuais incitações e provocações comuns”.
A GM reconhece a possibilidade de ocupação da fábrica pelos operários, diante das demissões em massa, o que mostra o caráter abertamente patronal da política da direção do sindicato, encabeçada pelo PSTU, ao não fazer nada para defender os trabalhadores.
A empresa já preparava o terreno para a demissão em massa quando no ano passado demitiu 356 trabalhadores por meio de um programa de demissão voluntária (PDV), também na época, o sindicato não fez nada.
Talvez um dos casos mais emblemáticos seja o das demissões da Embraer em 2009, quando 20% de um total de mais de 20 mil trabalhadores foram demitidos e o sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos, não só não fez nada, como colocou a culpa na suposta falta de mobilização da categoria.
Desta vez, o filme se repete com os metalúrgicos de São José dos Campos, mas a própria empresa reconhece que os trabalhadores podiam ocupar a fábrica.
Diante dessa situação extremamente grave, a única coisa que o sindicato fez foi uma greve de apenas 24 horas. O momento era propício para uma ocupação da fábrica, no entanto, como qualquer sindicato dirigido pela máfia da Força Sindical ou do PCdoB ou pelos pelegos e traidores dos trabalhadores do PT, o PSTU aceitou as demissões e reduziu as atividades do sindicato a negociações com a empresa até o resultado visto ontem: diante das demissões e do fechamento da fábrica, a direção do sindicato suspendeu o protesto. 

17 julho 2012

“ALESTE da Leste” Terça-Feira dia: 17/07/2012



Este programa é uma produção da Rede Vale Comunicações para a Associação Amigos da Zona Leste de São José dos Campos, com e a responsabilidade Editorial do Jornalista Filipe de Sousa.

NESTE PROJETO
"Não queremos dividir, queremos somar”
Não estamos aqui para falácias e sim para exigirmos o que nos é de direito que é o respeito, e questionar o ar que respiramos e a água que bebemos.
Também é nossa intenção, unir todas as lideranças comunitárias num mesmo sentimento e numa mesma luta.
Pelos nossos direitos e por uma zona Leste maior e melhor.
“Não queremos favores queremos somente respeito"

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É sempre bom ampliar a discussão sobre democracia dentro e fora da escola. Ainda mais pela pontualidade já que em Outubro teremos eleições Municipais muito importantes para uma possível democracia, já que acreditamos ser o Município o berço da nação.
Pensando nisso, preparamos este programa sobre o tema. Mostrar e falar sobre a configuração política atual e debater a importância do voto.

Iremos começar falando sobre a Democracia possível, na atual configuração da palavra no Sistema Ocidental.

O Que É a Democracia?

Democracia vem da palavra grega “demos” que significa povo.
Nas democracias, é o povo quem detém o poder soberano sobre o poder legislativo e o executivo.
Embora existam pequenas diferenças nas várias democracias, e a palavra tenha sido muito alterada em sua significância, certos princípios e práticas distinguem o governo democrático de outras formas de governo.

Democracia é o governo no qual o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos, diretamente ou através dos seus representantes livremente eleitos.

Democracia é um conjunto de princípios e práticas que protegem a liberdade humana; é a institucionalização da liberdade.

A democracia baseia-se nos princípios do governo da maioria associados aos direitos individuais e das minorias. Todas as democracias atualmente, embora respeitem em parte a vontade da maioria, protegem escrupulosamente os direitos fundamentais dos indivíduos e das minorias. O que altera a significância histórica da palavra.

Hoje, as democracias protegem de governos centrais muito poderosos e fazem a descentralização do governo a nível regional e local, entendendo que o governo local deve ser tão acessível e receptivo às pessoas quanto possível.

As democracias entendem que uma das suas principais funções é proteger direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão e de religião; o direito a proteção legal igual; e a oportunidade de organizar e participar plenamente na vida política, econômica e cultural da sociedade.

As democracias conduzem regularmente eleições livres e justas, abertas a todos os cidadãos. As eleições numa democracia não podem ser fachadas atrás das quais se escondem ditadores ou um partido único, mas verdadeiras competições pelo apoio do povo.

A democracia sujeita ou deveriam sujeitar os governos ao Estado de Direito e assegura que todos os cidadãos recebam a mesma proteção legal e que os seus direitos sejam protegidos pelo sistema judiciário.
As democracias são diversificadas, refletindo a vida política, social e cultural de cada país, o que na realidade não vem sendo prática no atual sistema Globalizado que falam ser da economia, mas que por trás dos panos é muito mais que isso. As democracias deveriam basear-se em princípios fundamentais e não em práticas uniformes.

Os cidadãos numa democracia não têm apenas direitos, têm o dever de participar no sistema político que, por seu lado, protege os seus direitos e as suas liberdades e é neste ponto que a Globalização pode ser encarada como atitude não muito democrata já que o Sistema tem por base uma nova forma de colonização, ou seja incutir nos países suas culturas e suas regras sociais.

As sociedades democráticas deveriam estar empenhadas nos valores da tolerância, da cooperação e do compromisso.
As democracias atuais reconhecem que chegar a um consenso requer compromisso e que isto nem sempre é realizável.

Nas palavras de Mahatma Gandhi, “a intolerância é em si uma forma de violência e um obstáculo ao desenvolvimento do verdadeiro espírito democrático”.

BOA NOITE
Obrigado pela vossa audiência.
No próximo bloco vamos iniciar falando

Falando sobre o Brasil e analisando a história, iremos falar com vocês sobre a nossa visão crítica da proclamação da República.

O programa ALESTE da Zona Leste volta já. Fiquem ai.

Longe de ser um fato pontual, a instauração do novo modo de governo foi consequência de uma série de fatores. Neste tema vamos privilegiar a visão da História como processo.


Nas clássicas representações do golpe militar que marcou o fim da Monarquia no Brasil e o início da República, a imagem do marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), erguendo seu quepe cheio de glórias, esta é a imagem que prevalece.

No quadro de Henrique Bernardelli (1857-1936), o militar é propositadamente recuperado como a figura central, o representante maior dos ideais de liberdade associados ao novo período.

Esses e outros retratos da época ajudaram a disseminar uma visão parcial do episódio, apagando outros personagens que desempenharam papel relevante na mudança. Iluminar esses grupos esquecidos é o ponto de partida para apresentar uma visão crítica da proclamação da República aos estudantes.

O ponto fundamental é esclarecer que, longe de ser um fato pontual, a instauração do novo modo de governo decorre de uma série de fatores que contribuíram para criar um cenário propício à República.

Expor essa realidade à população, privilegiando a visão de processo histórico, permite um entendimento mais profundo da realidade política, econômica e social da época.
Com base nessa revisão histórica, o próprio papel dos militares no episódio passa a ser relativizado, uma vez que outros agentes com importante função no gradativo enfraquecimento do antigo governo são trazidos à luz.

É possível, por exemplo, reavaliar o que de fato ocorreu no dia da proclamação.
Em 14 de novembro de 1889, os republicanos fizeram circular o boato de que o governo imperial havia mandado prender Deodoro e o tenente-coronel Benjamin Constant, líder dos oficiais republicanos.

O objetivo era instigar o marechal, um militar de prestígio, a comandar um golpe contra a monarquia. Deu certo: no dia 15, ele reuniu algumas tropas, que em seguida rumaram para o centro do Rio de Janeiro e depuseram os ministros de dom Pedro II.

O imperador, que estava em Petrópolis, a 72 quilômetros do Rio de Janeiro, retornou para a capital na tentativa de formar um novo ministério.

Mas, ao receber um comunicado dos golpistas informando sobre a proclamação da República e pedindo que deixasse o país, não ofereceu resistência e partiu para a Europa.
Tamanho era o temor de que o Império pudesse ser restaurado que o banimento da família real durou décadas: apenas em 1921 os herdeiros diretos do imperador deposto foram finalmente autorizados a pisar em solo brasileiro.

Vale discutir o peso da participação de Deodoro da Fonseca explicando alguns detalhes dos bastidores do acontecimento.

Fosse ou não ele a figura central do fato, que não enfrentou praticamente nenhuma resistência - daí as representações não o mostrarem de espada em punho -, muito provavelmente a história teria o mesmo desfecho.

Na verdade o "herói da proclamação" fez parte do Estado monárquico e era funcionário de confiança de dom Pedro II e que relutou em instaurar o novo sistema e tendo aderido à causa apenas alguns dias antes.

No dia fatídico, ele saiu de casa praticamente carregado por seus companheiros - Deodoro estava doente, com problemas respiratórios. Cavalgou quase a contragosto, ameaçado pela ideia de que o governo imperial, ao saber dos boatos sobre a proclamação, pretendesse reorganizar a Guarda Nacional e fortalecer a polícia do Rio de Janeiro para se contrapor ao Exército.

Foi o republicano José do Patrocínio que, horas mais tarde, dirigiu-se à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, presidindo o ato solene de proclamação da República.

Deodoro, a essa altura, estaria em casa, possivelmente assinando a carta que chegaria a seu amigo pessoal, o imperador Pedro II, informando, com grande pesar, o banimento da família real.

Mas quais as razões para a queda da Monarquia?

Abolição da escravatura
Decretado em 1888, o fim da escravidão desestabilizou a agricultura de exportação, baseada no trabalho compulsório. O Império mostrou-se incapaz de responder com a agilidade necessária às novas demandas dos fazendeiros e não conseguiu garantir a estabilidade econômica.

Influências externas
O Brasil era o único país independente na América do Sul a manter uma monarquia - países vizinhos colonizados pela Espanha optaram pela república logo após a autonomia. O contato dos militares com a realidadedas nações vizinhas disseminou a ideia de um novo sistema de governo.

Centralização política
Concentrador de poderes por definição, o sistema monarquista já não era compatível com as necessidades nascidas da modernização da economia. Elites provinciais de São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, já reivindicavam, desde o início do século, certo nível de autonomia.

Perda de apoio popular
Dom Pedro II, na maior parte do tempo recolhido em Petrópolis, já não era mais uma figura querida entre as massas. Além dele, a princesa Isabel e seu marido, conde d’Eu, eram frequentemente alvo de ataques e chacotas da imprensa nacional e internacional.

Mas, qual a importância dos símbolos para sustentar essa nova ordem?

Basear-se na desmistificação dessas figuras centrais no episódio da proclamação pode ser um caminho para estudar de que forma os protagonistas de determinadas passagens da história trabalham para passar uma imagem gloriosa de seus feitos.

É importante analisarmos os fatos que esses relatos incluem ideologias e interesses e não podem ser encarados como fiéis ao fato.
Em vez disso, é melhor vê-los como um recorte do acontecido, que precisa ser confrontado com outras fontes para que se possa compor um panorama mais próximo da realidade.

Ainda recorrendo ao exemplo da República, devemos valorizar o esforço dos grupos vitoriosos para criar e popularizar símbolos e personagens históricos que representem um novo regime.

Festas cívicas, monumentos, estátuas, telas e gravuras consolidadoras das tradições nacionais são as expressões mais marcantes desse esforço - uma atitude costumeira, repetida mundo afora em inúmeras outras reformas e revoluções.

No caso da proclamação, os governantes alteraram o nome de diversas ruas, substituindo os que tinham ligação com o Império por outros associados à República.

Vias denominadas "Imperatriz" se transformaram em ruas 15 de Novembro, assim como muitos Largos da Matriz passaram a chamar-se Praça da República.
Além das estátuas do marechal, figuras como a de Tiradentes, apontado como o precursor da República, foram recuperadas.

Uma reflexão importante surge da comparação entre os ideais da propaganda oficial e a realidade concreta.
Em relação à República, é possível mostrar a contradição entre um sistema que prometia trazer o povo para o centro da atividade política, mas que se consolidou, quase sem envolvimento popular nem na deposição da Monarquia nem na formação do novo governo.
Na verdade o que ocorreu foi uma junção de forças entre as oligarquias que davam sustentação ao Império com uma parte da nova burguesia comercial e industrial.

A investigação sobre a relação do povo com o poder na proclamação da República pode terminar com uma comparação com os dias de hoje.
De lá para cá, o que mudou?
Então está mais do que na hora de mostrar que, apesar de nosso modelo de democracia garantir a representatividade do povo por meio do voto direto e de existirem formas de o cidadão exercer algum controle sobre as esferas de poder, continuam válidas as palavras do historiador José Murilo de Carvalho: "Ainda hoje, a atitude popular perante o poder ainda oscila entre a indiferença, o pragmatismo fisiológico e a reação violenta".

A forma de fazer política nos dias de hoje.
Vamos iniciar o próximo bloco falando sobre as propagandas políticas...
ALESTE da Zona Leste volta já. Fiquem por ai.
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Quando começaram as propagandas políticas no Brasil?

A primeira campanha política brasileira foi o Manifesto Republicano, lançado em 3 de dezembro de 1870, no jornal A República, do Rio de Janeiro. "Seu autor foi Quintino Bocaiúva, que era jornalista e foi, sem dúvida, o primeiro marqueteiro brasileiro", afirma Adolpho Queiroz, presidente da Sociedade Brasileira dos Pesquisadores e Profissionais de Comunicação e Marketing Político (Politicom) e professor da Universidade Metodista de São Paulo.

O Manifesto expunha a insatisfação com o imperador D. Pedro II e seu governo, e foi importante para incentivar diversos setores da sociedade em todo o país a apoiarem o fim da monarquia.

A forma de governo monárquico acabou, mas o primeiro presidente da República não foi eleito pelo povo. "Marechal Deodoro, não precisou de santinhos e comícios, já que ele era o preferido do imperador e foi ungido para o cargo", isso é o que nos explica o professor.

O jornal impresso foi o veículo mais importante para discussão e campanha política durante todo o período inicial da República brasileira.

Os debates, as entrevistas públicas e os jingles eleitorais só surgiram, no entanto, com o início das transmissões de rádio no país, em 1922.

"O primeiro jingle foi para a campanha presidencial de Júlio Prestes, em 1930. O estribilho tinha algo como ‘seu Julinho vem...’", conta o pesquisador.

O próximo passo foram os programas eleitorais pagos de Jânio Quadros, já na televisão. Que posteriormente foram absorvidos pelas empresas, com a finalidade de fazer valer seus interesses sobrepondo-se aos dos eleitores.

Com os militares, ainda antes disso, também, ficou permitida a veiculação apenas de nomes e números dos candidatos a cargos eletivos, porém não suas ideias.

Foi com a redemocratização na eleição de 1989 que a TV ganhou realmente importância como veículo para as campanhas.
“Hoje ninguém imagina fazer uma campanha sem o uso adequado da televisão, apesar dos seus custos altos de produção".

Hoje vos trago também uma pequena análise sobre o financiamento da política, que pela importância da abordagem irá dar base á análise sobre democracia que vos trarei nos blocos posteriores.

Os argumentos dos defensores da manutenção da forma de financiamento da política são falaciosos e mentirosos.
Quem pretende a continuidade do modelo atual quer, na verdade, legitimar a ação de empresas e empresários que, ao financiarem as campanhas eleitorais, mantém os detentores de mandato como reféns.

Não faz muito tempo que um partido político favorável ao financiamento privado apresentou na propaganda eleitoral da televisão um filme publicitário em que dizia textualmente que, se o financiamento público exclusivo fosse aprovado iria faltar dinheiro para a saúde e a educação.

Mais recentemente a Folha de São Paulo, em artigo assinado por Vinícius Mota, ocupante de espaço cativo na página de opinião do jornal, engrossou a defesa do financiamento privado, neste caso, usando o argumento falacioso de que isso prejudicaria os pagadores de impostos.

No caso do cronista da Folha de São Paulo a falácia é ainda mais grave porque afirma que o financiamento público já existe através da renúncia fiscal que compensa as veiculações da propaganda eleitoral no rádio e na televisão e do dinheiro distribuído aos partidos políticos através do fundo partidário.

A propaganda eleitoral do rádio e da televisão não se restringe ao período eleitoral e boa parte do dinheiro do fundo partidário é destinada obrigatoriamente à manutenção de institutos e fundações que têm o papel de aprofundar estudos sobre a sociedade brasileira e esse dinheiro não pode ser usado nas eleições.

Em nenhum momento o texto de Vinícius Mota se refere à ação de lobistas junto a todas as esferas de poder em nome de financiadores de campanhas eleitorais. O artigo também se omite de citar o abuso de poder econômico representado pelo financiamento privado, que exclui os mais pobres da disputa política e inflaciona os custos das campanhas eleitorais.

Limita-se a tratar a ação ilegal como crime, o que pode ser verdade, mas, ao restringir qualquer mudança à conversão individual das pessoas, o artigo nega o papel das regras coletivas de financiamento da política e busca legitimar a influência do capital privado sobre o estado e sobre os governos.

Os argumentos do partido político que defende o financiamento privado das campanhas e do jornal que ataca a possibilidade de implantação do financiamento público exclusivo têm a mesma origem. Os financiadores do partido político que questiona publicamente o financiamento público exclusivo também devem ser anunciantes da Folha de São Paulo.

O sentido da idéia de institucionalização do financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais é o de coibir o abuso de poder econômico nas eleições e democratizar o acesso a cargos eletivos.
O combate à corrupção política é outro objetivo importante da proposta, que a nosso ver deverá ser considerada para o bem de uma Democracia de verdade.

A manutenção do modelo atual só faz aumentar a chance de que empresários legais e ilegais tenham os detentores de mandato como reféns de suas doações a campanhas eleitorais, que, assim, funcionam como investimentos com objetivo de lucro futuro com o favorecimento em licitações de construções de obras públicas e de fornecimento de serviços.
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As regras do jogo

"Leis são chatas." "Um palavrório metido à besta." "E depois, lei nunca pega." "Sou educador, não advogado!", “Que adianta fazer Leis se não se fiscaliza a sua aplicação” ou pior “Leis foram feitas para Pobres”; Estas duas ultimas muito fixadas e incentivadas nos dias de hoje. Juntas ou separadas, estas frases estão presentes nas conversas de gestores escolares, professores, alunos e sociedade.

Em essência, elas expressam o distanciamento entre as pessoas e a legislação.

Em certa medida, fomos formados ou (de)formados para não gostar das leis.
Nos cursos de formação de professores e nas habilitações ou especializações para formar gestores escolares, disciplinas como Estrutura e Funcionamento são o principal contato dos educadores com a legislação.

Em vários casos, despejam-se datas e artigos para que os alunos, futuros cidadãos,  decorem e, mais tarde, demonstrem a capacidade de memorização em temidas provas: "Em que ano foi promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases?";
"O que foi modificado no ensino obrigatório com a Lei 5.692, de 1971?".

Não quero questionar a importância dessas informações.

O problema é que, reduzido a isso, o ensino da legislação educacional perde o principal: a oportunidade de dizer que as leis são fruto de embates, debates e disputas de poder. Elas podem (e muitas vezes devem) ser modificadas.

As leis são essenciais para a democracia existir.
Elas formam o que o filósofo italiano Norberto Bobbio (1909-2004) chamou de regras do jogo: se cada um fizesse as suas, somente a força bruta prevaleceria. Voltar-se-ia ao tempo da barbárie.
Para viver juntos, em sociedade, em paz e com direitos, precisamos criar normas (que devem ser respeitadas por todos).
Desconhecê-las, além de imprudente, é o primeiro passo para se dar mal. Não respeitá-las é um passo perigoso para uma sociedade de paz.

Participamos das decisões por ações ou omissões
Mas nossa (de)formação no campo legal é de compreensão complexa.
Como nasce uma lei, quem a aprova, quem a faz valer?

Muitas vezes, só tomamos conhecimento de uma nova legislação quando esta já passou pelo Congresso Nacional ou quando já está alterando nossa vida.
A história recente do Brasil contribuiu para a sensação de mal-estar e de incompreensão, pois o povo não podia se meter em assuntos até então reservados a especialistas e encarregados do poder em regimes de exceção, como a ditadura.

Nossa aversão às leis pode até ser interpretada como ato de rebeldia (mesmo que inconsciente) em relação a essa época.
Mas hoje elegemos os políticos que propõem, discutem e votam as leis e não podemos mais alegar autoritarismo, pois participamos, mesmo que indiretamente, das decisões públicas, por ação ou omissão.
Culturalmente temos a crença de que as normas devem ser aceitas sem indagações. Porém, numa democracia, podemos e devemos questioná-las e até modificá-las.

Se às vezes algum artigo parece inútil, basta lembrar um da Constituição Federal do Brasil, promulgada em 1988, que determinou que todo brasileiro deve ter no mínimo oito anos de escolaridade.
Duas décadas depois, ainda existem analfabetos. Pior, estamos constituindo uma sociedade de analfabetos funcionais.

Então o artigo não serviu para nada?
Mesmo tendo sido usado para cobrar mais vagas na escola de governantes?
Mesmo permitindo aos cidadãos reivindicar o direito à Educação?
O problema, nesse caso, é que poucos perseguem seus direitos da maneira correta. Na verdade, poucos sabem que têm esse direito.

O papel dos Gestores escolares na definição de políticas

O desconhecimento em relação às leis não é exclusividade dos analfabetos.
E não é vexatório ser ignorante, ainda mais quando não se é o responsável por essa ignorância.
Mas podemos fugir dela em áreas que consideramos essenciais.
Uma das maneiras é saber as regras do jogo.

Nossa tradição nos leva a acreditar que o gestor escolar deve ser executor de regras e que não cabe a ele discutir a coerência e a pertinência das leis.
Por essa lógica, nem sequer precisaria compreender o que faz e por quê.
Mas isso se justifica numa democracia?
Até quando diretores, orientadores e coordenadores pedagógicos serão excluídos da definição das políticas públicas para o setor?

Esta rádio é um espaço para discutir as regras do jogo.
Envie dúvidas, sugestões e críticas.
Não precisa concordar comigo nem com os legisladores.
Se após nos ouvir você procurar novas fontes de informação, discutir com colegas de trabalho e questionar parlamentares, governantes e sindicalistas, aí sim eu ficarei satisfeito.

Desse modo, estaremos contribuindo para a construção de uma democracia.

E vamos aprender (e ensinar!) que lei é feita para ser discutida antes, durante e depois de sua aprovação. E melhor que Leis são para serem cumpridas e que nosso papel de cidadãos nos obriga a zelar para que o sejam.

Desacreditar, se acomodar em nada colaborará para deixarmos filhos melhores para o mundo e a meu ver nossos filhos e nossos alunos serão e viverão na sociedade que irão herdar de nós.
Você se preocupa mesmo com o futuro de seu filho?
Vai ajudar ou vai esperar que Ele resolva?

A respeito de um melhor futuro, não perca logo após este programa o programa Código de Ética onde vos iremos trazer a opinião de alguns especialistas sobre a LEI DO FICHA LIMPA.

Bem amigos ouvintes, no próximo bloco continuaremos a falar sobre o Sistema Político e eleições no contexto histórico.
Fiquem conosco, ALESTE da Leste volta já. Fiquem conosco.
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Revolução de 30: uma perspectiva após 82 anos

Os brasileiros viveram momentos de crescente tensão, tanto naqueles dias quantos nos anos que antecederam a Revolução.

Na década de 20, diversos movimentos liderados por oficiais agitaram a República, especialmente a Coluna Prestes.
No interior do Nordeste, o cangaço aterrorizava as populações urbanas e rurais.

No Rio Grande do Sul, até a assinatura do Tratado de Pedras Altas, muitos conflitos políticos eram solucionados com degolas, que podiam resultar no assassinato simultâneo de dezenas de pessoas.

A década se encerrou com a sombra da crise econômica de 1929 que derrubou o preço do principal item de exportação do Brasil, o café.

Neste contexto tumultuado, ainda ocorreram as eleições (fraudadas pelos dois lados) de 1o de março de 1930 e o assassinato de João Pessoa, que serviu de estopim para o movimento revolucionário.

O dia 24 de outubro de 1930 amanheceu com o País tomado por conflitos.
Tropas revolucionárias e legalistas estavam à beira de um confronto na localidade de Itararé, na divisa de São Paulo com o Paraná.

O Exército já havia marchado, no dia anterior, para o Palácio Guanabara onde se encontrava o Presidente Washington Luís reunido com seu ministério.
Com a adesão dos generais Mena Barreto, Leite de Castro e Tasso Fragoso, outros agrupamentos militares sediados no antigo Distrito Federal também passaram a apoiar a deposição do Presidente.
Assim, na manhã do dia 24, mobilizaram-se a Polícia Militar, a Vila Militar e o Batalhão de Infantaria, sendo que este último posicionou-se na Praia do Botafogo.

No final da manhã, havia uma grande multidão, misturada com militares, em torno do Palácio.
Os três generais levaram então a proposta para que Washington Luís abandonasse o governo.
Sua primeira reação foi negativa, embora ele tivesse assistido nos últimos dias ao esboroamento das forças que o sustentavam.

Diante do impasse e do risco de conseqüências sangrentas, o então Cardeal Sebastião Leme interferiu e, finalmente, o Presidente deixou no final da tarde o Palácio Guanabara, rumo ao exílio. Assim, uma junta militar liderada pelo General Tasso Fragoso assumiu, então, o Poder.

Embora vitorioso o movimento para derrubar a República Velha, as primeiras semanas foram ainda muito tensas.
Getúlio Vargas vinha acompanhando as tropas revolucionárias desde o Rio Grande do Sul e quando transcorreram os acontecimentos dramáticos de 24 de outubro, ele ainda estava longe da Capital da República.

O governo Federal correu sério risco de ficar nas mãos dos militares que derrubaram o Presidente, mas Getúlio Vargas teve o poder assegurado graças às intervenções de Góes Monteiro e Oswaldo Aranha, depois de intensas negociações com a Junta.

Apenas no dia 28 de outubro Vargas desembarcaria na Estação da Luz, em São Paulo, e no dia 31, no Rio de Janeiro. A sua posse acabou acontecendo somente em 3 de novembro.

Mas os revolucionários de 1930 estavam longe de integrarem um grupo homogêneo. Quando Getúlio Vargas constituiu o Governo Provisório, ele começou um exercício de delicado equilíbrio entre as forças que derrubaram Washington Luís.

A 11 de novembro, o Congresso e todas as casas legislativas do Brasil foram dissolvidas.

O País passou a ser governado então por decretos presidenciais e pelos interventores nomeados por Getúlio Vargas em cada estado.
Juarez Távora, líder dos tenentes, recebeu 12 estados nordestinos, o que lhe valeu a alcunha de Vice-Rei do Nordeste.

Ao longo dos 15 anos que durou o governo provisório de Getúlio Vargas, haveria inúmeras alianças e rompimentos com as forças e personagens que o apoiaram.
A coalizão revolucionária foi se diluindo com o tempo, na medida em que a carismática figura do Presidente foi se fortalecendo.
O que era um projeto para revolucionar os usos e costumes políticos foi se transmudando num simples projeto de Poder.

Para alcançar esse feito, Getúlio Vargas inaugurou a ambigüidade desavergonhada de como forma de fazer política.
Quando os ventos pareciam soprar a favor do nazismo e do fascismo na Europa, ele pendeu para o lado da Alemanha e Itália.

Mas ao ser alertado por Oswaldo Aranha de que as chances na guerra eram favoráveis aos aliados, celebrou um acordo militar com o Presidente Roosevelt.
Ideologismo? Não se inaugurou o fisiologismo.

Quando os comunistas pareciam perigosos, não vacilou em persegui-los, prendê-los e torturá-los.
Quando a ameaça pareceu controlada, subiu nos palanques eleitorais com Luiz Carlos Prestes. O Getúlio Vargas que enalteceu a imprensa foi o mesmo que implantou a censura e permitiu a destruição de redações e tipografias de jornais.

Para se manter no Poder, Getúlio Vargas teceu toda a sorte de alianças políticas e recorreu a todos os métodos.
Sem esquecer-se de beneficiar em abundância parentes, amigos e correligionários com cargos públicos, embaixadas, empréstimos em bancos oficiais, etc.
Infelizmente, transcorridos 82 anos da Revolução de 1930, os costumes políticos brasileiros continuam como dantes era na casa de Abrantes.
Cuidado, Outubro está ai, fique de olho aberto para que com a força de seu voto possa contribuir para uma possível mudança.

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