15 março 2012

BRASIL - DÍVIDAS SOCIAIS HISTÓRICAS

Falar-se em Saúde, Educação e Segurança no Brasil, é falar em deficiência e mau uso administrativo dos recursos públicos.
O que estamos assistindo é a retórica e falácias no que tange a serviços públicos.
Na verdade o que se vê é a mercantilização destes serviços para quem pode pagar e, o faz de conta que se faz no que tange aos mesmos, para a comunidade que não pode pagar.
Todos os anos a igreja católica no tempo da quaresma lança uma campanha conhecida como Campanha da Fraternidade, onde sempre aborda temas ligados a problemas enfrentados pela grande maioria, quando não, pela totalidade da população, tentando sensibilizar a todos para que se possa dar alguma contribuição.
O tema do ano 2012 é “Fraternidade e Saúde Pública” e o lema “Que a saúde se difunda sobre a Terra”.
Não deixa de ser uma forma de sensibilizar as autoridades por um lado, mas por outro este tipo de campanha pouco tem mostrado de resultados concretos.
Não é novidade para ninguém o caos histórico, antigo e atual, como o Brasil trata a saúde pública. O que é preconizado pelo MS (Ministério da Saúde) e a legislação para atenção a saúde básica do  SUS é muito bonito e se funcionasse seria  quase que simplesmente impecável digno de serviço de primeiro mundo. Muitos afirmam que é o projeto mais bem formulado, no que tange a saúde pública, no mundo.
Mas, a realidade passa muito longe do que vemos no papel e na retórica.
Infelizmente o que constatamos é que é um sistema que funciona muito aquém do que se possa falar de eficiência e isso na grande maioria dos Municípios, muitos deles falidos e sem possibilidades de o implantar.
Como exemplo pode-se enunciar diversos projetos na área de saúde, começando pelo programa ”Estratégias da Saúde da Família”.
Aqui nos deparamos com um projeto bem estruturado no papel, mas que na maioria dos Municípios ou está implantado de forma deficiente, ou então nem implantado, não contando com o mais importante. Médicos.

Outro programa como o Hiperdia (acompanhamento de hipertensos e diabéticos) sem funcionar nos moldes do estruturado;
Outros programas como o de incentivo ao combate do tabagismo e outros tipos de drogas incluindo o alcoolismo sem nenhum profissional capacitado para fazer o programa gerar resultados.
No caso da odontologia, encontramos equipamentos odontológicos obsoletos, locais totalmente insalubres e outras  incontáveis deficiências já na atenção primária e isso na maioria do municípios brasileiros.
Dos outros setores da saúde, como UBs, Unidades de pronto atendimento e hospitais, a mídia convencional nos dá fartos exemplos de descompromisso e de ineficiência.
A idéia seria investir na prevenção. Sabe-se que, deixar a população adoecer onera muito mais os cofres públicos. No entanto os maiores investimentos que se vêm são em Obras de construção e reforma. Aliás, todo o mundo sabe que político adora obras.
Mas, coisas simples com saneamento básico e atendimento preventivo nas UBs, que funcionassem, seriam uma boa forma de prevenir e ao mesmo tempo desonerar no processo de cura, que como todos sabem é bem mais oneroso.
Estamos vivendo uma época onde retrocedemos em muitos aspectos; doenças erradicadas votando a matar e doenças novas aparecendo e ceifando milhares de seres humanos.
A falta de  unidades de saúde estruturadas, de profissionais qualificados, de incentivo financeiro a esses profissionais; a falta de sensibilização e responsabilidade de alguns dos gestores, aliada à deficiência na medicalização e enfim o não cumprimento dos princípios básicos do SUS tem vindo a manter este caos no que tange a serviços públicos. Com isso, todas estas deficiências, deixam os mais necessitados absolutamente fora do contexto de qualidade de atendimento efetivo, o qual somente se dá no papel e na retórica.
Com freqüência assistimos nos telejornais inúmeras mortes  pela falta de atendimento médico frente a uma emergência. Às vezes negligência por falta de profissionais qualificados e comprometidos e em outras vezes em virtude da precariedade das unidades de atendimento, falta de leitos, de condições de salubridade, etc.
Como se não bastasse o Governo Federal já no início deste ano, cortou dessa mesma saúde “doente” R$5,4 bilhões para pagar divida pública.
Não sabemos onde iremos parar. Em qual buraco nos estamos metendo. Somente esperamos que o fundo do poço não seja raso.
Por isso que campanhas como essa da fraternidade, aliadas a uma verdadeira ação cidadã e isso depende de todos nós cidadãos, podem vir a contribuir de alguma forma para a solução destes e de outros problemas com que nos deparamos em nosso dia a dia. Não nos conformando ou aceitando, mas exigindo o que na verdade nos é de direito.
Para isso, temos de passar da retórica á ação, ou então cairemos no mesmo erro dos Governos, onde qualidade na Educação, na Saúde e na Segurança, são meras propagandas e bordões de palanques eleitorais.
Filipe de Sousa
Colaboração
Flavia Rodrigues
Cirurgiã Dentista e Coordenadora do Projeto Saúde na Família
Colaboradora do projeto Formiguinhas do Vale

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